O que acharam das alterações nas páginas do blog?

17 de jun. de 2016

Capítulo 003 - Sonhos de Menina!


01 de Março de 2010Mashiro
            A manhã ensolarada estava carregada com o perfume das flores de cheri berry. Pidoves piavam suavemente sobre os galhos das árvores próximas. O brilho do sol que caía sobre a cidade, espalhava calor e calmaria nos corações dos moradores. E o ginásio, que mesmo amplo, estava lotado, emitia sons de euforia e excitação.
           – Mashiro! – Chamou-me Hanako, minha colega de classe – A sensei está nos chamando, é nossa vez de entrar!
            – Ah, certo! – Retribui seu sorriso e iniciei minha caminhada.
            Meu nome é Junpei Mashiro. Uma jovem de 17 anos, moradora da cidade de Opelucid e uma das 80 formandas do colégio feminino Jardim de Roselis. E neste momento, a cerimônia de graduação transcorria cheia de beleza em cada detalhe. O ginásio foi organizado e decorado pelas próprias estudantes, com muitos arranjos floridos e cortinas de tecidos delicados, que transbordavam cores.
            A banca de educadoras, junto à diretora, discursaram de forma incentivante, relembrando alunas que se destacaram, tanto em desenvolvimento, quanto em determinação no decorrer de complicações pessoais. Muitos dos presentes se comoveram. Para todos os lados que se olhasse, haveriam sorrisos e lágrimas de emoção.
            O encerramento da cerimônia se deu com uma homenagem do coral à capela, organizado pelas secundaristas e suas calouras, em despedida com as veteranas. Depois disso, abracei minhas colegas e amigas com força. Afinal, eu poderia ficar muito tempo sem vê-las novamente. Meu coração ainda saltitava em meu peito, até que eu enxergasse meu pai, Junpei Kenta, um conceituado veterinário pokémon na cidade, meu estomago se contraiu.
            Um homem de 1,80 de altura, com cabelos cor de chocolate e olhos verdes como esmeraldas, corpo musculoso e firme. Vestia sua melhor camisa social, branca, com as mangas dobradas na altura do cotovelo, uma calça jeans, cor de terra, e sapatos mocassim, verde musgo. O figurino foi escolhido todo por mim, para valorizar cada detalhe de sua beleza rústica, marcada pela barba por fazer. Ao me encontrar, abriu um sorriso branco, cheio de orgulho.
            – Então... você prefere ir para casa ou combinou de comemorar com suas colegas? – Questionou ele, mesmo com os olhos brilhando, sua face carregava tristeza.
            – Paizinho... – Abracei-o, com carinho – Claro que vou aproveitar essas últimas horas com você!
            – Claro... – Disse ele, afagando meus cabelos – Vou preparar o seu favorito, Ensopado de Berries!
            – O senhor só sabe fazer isso! – Disparei, fazendo com que caíssemos na risada.
            Subimos na caminhonete vermelha, a qual meu pai utilizava tanto para uso pessoal quanto profissional, afim de buscar e levar pokémons muito debilitados aos seus donos. Percorremos as ruas asfaltadas, conversando tranquilamente, enquanto os prédios modernos e suntuosos eram substituídos por edificações rústicas e simples, mas tão belas e confortáveis quanto as do centro da cidade.
            Este é um traço único de Opelucid. No continente de Unova, as cidade se dividem em dois grupos, as cidades modernas, cheias de prédios altos de arquitetura arrojada, e as cidades rurais, com casas simples e galpões antiquados. Entretanto, minha cidade natal ficava entre os dois tipos, possuindo os atrativos de ambos os grupos sociais em uma harmonia pitoresca, porém admirável.
            Meu pai nasceu e cresceu próximo à floresta que circunda a cidade, por isso sempre preferiu a calmaria do local. Morávamos em um dos pontos mais afastados do centro, o que tornava necessário o deslocamento de carro para busca e entrega de pacientes. Mas o mais curioso, é que, desde que posso me recordar, meu pai nunca teve pokémons em casa e, mesmo após suplicar, também nunca e permitiu ter um mascote.
            Assim que  chegamos em casa, desci do carro correndo e fui me trancar no quarto, afim de me livrar do uniforme e ficar mais a vontade. Nossa casa era grande e aconchegante. Um casarão de fazenda, feito de madeira com a mais bela arquitetura oriental que eu já vira, com uma ampla varanda ao redor de toda a construção, elevada quatro degraus acima do gramado.
            Meu quarto, todo em tons de violeta e branco, possuía um espelho da minha altura, com moldura branca. Meu closet, muito bem abastecido com blusas, calças, saias, bermudas, casacos, tênnis, botas, sapatilhas, sandálias e roupas íntimas, permanecia fechado e bem organizado, como eu sempre o deixava. Minha cama, tão organizada quanto o restante do quarto, tinha minha colcha de retalhos bem estendida. E, igualmente, minha escrivaninha e minha estante, abarrotada de livros, estavam intactas.
            Havia um único detalhe diferente, um pequeno embrulho, feito de forma desajeitada, porém com carinho, jazia sobre meu travesseiro. Esboçei um sorriso leve e pensei “Ele já aceitou a ideia”. O nó que permanecia em meu estômago, torturando-me com seu aperto constante, se desfez. Espalhando alívio por cada centímetro do meu corpo.
            Antes de abrir meu presente de despedida, dei uma última olhada na menina que se tornaria mulher. O uniforme escolar se consistia de uma camiseta social branca, de mangas compridas, um colete azul royal com bordas vermelhas e as iniciais da escola, bordadas em dourado, uma saia pregada, bordo, e meia calça branca, acompanhadas de sapatilhas da cor do colete. Em toda a glória de meus 1,65 de altura, eu me sentia uma lolita.
            Absorvi cada detalhe, afim de gravar-lhes na memória, com meus olhos castanhos, como avelãs. Soltei o rabo de cavalo, deixando meus cachos, cor de chocolate, caírem sobre minhas costas, até a minha cintura, e me dirigi ao closet. Tirei minha mala de viagem, cor de rosa e comecei a prepara-la para a viagem. Como sempre fui muito precavida, acabei enchendo-a apenas com roupas, deixando todos os produtos de higiene e beleza, junto dos acessórios e medicamentos e demais utensílios úteis na minha mochila.
            Deixei a bagagem sobre a cama e me afastei, afim de realizar uma última análise. Parecia muito coisa, olhando de fora, mas eu sabia que era o essencial. Separei uma muda de roupas e corri para o meu banheiro particular. Aqueci meu corpo com a água morna, massagenado-o com meus óleos essenciais de forma suave. Lavei meus cabelos com carinho, deixando o perfume penetrar na raiz.
            Sequei meu corpo com cuidado, e fiz o mesmo com minhas madeixas apenas com a toalha, já que o secador já fora guardado para viagem. Vesti uma bata branca, com bordados sobre a gola aberta, que mostrava parte dos ombros minguados, e mangas, bem frouxas, com um colete de couro marrom fervido, simples, com bordados simples. Optei por um short jeans, mais justo, meias brancas 6/8 e botas de couro marrom, semelhantes ao colete, porém frouxas, apresentando um aspecto enrugado no calçado.
            Para finalizar o visual country, trancei meus cachos, levemente úmidos ainda, para o lado esquerdo, deixando-os caídos sobre o ombro. Na orelha direita, que ficou totalmente exposta, coloquei meu brinco de pena de Braviary e sobre o pescoço, um colar simples, feito com uma tira de couro e um fragmento de shiny stone, realçava a brancura imaculada de minha pele.
            Sai do banheiro, recolhendo as roupas sujas e a toalha úmida e parti do meu quarto para a lavanderia. Após separar as peças por cor, retornei para o quarto e abri meu presente de despedida. Ao desvendar o conteúdo do embrulho, senti o ar fugir dos pulmões. Meu pai me dera um X-Transcreiver, modelo feminino nas cores branco e rosa. Rapidamente, coloquei-o no pulso e li as instruções de uso. Com tudo devidamente programado, corri para a cozinha, afim de agradecer-lhe.
            – Paizinho... Muito obrigado... – Perdei a fala ao me deparar com um visitante inesperado – Tatsuto-san... que surpresa!
            Cumprimentei nervosamente meu antigo chefe. Bem, quase isso. Quando iniciei o ensino médio, procurei um estágio afim de conquistar um pouco de independência, mesmo que meu pai sempre tenha se dedicado à mim, já que eu era sua única filha. E durante essa procura, fui indicado pela minhas professoras para estagiar na prefeitura da da cidade. Devido ao meu excelente comportamento e histórico escolar, decorado com notas de primeira categoria.
            Lembro como se fosse ontem, minha presença foi solicitada pela diretora em sua sala, durante uma aula de matemática. A própria secretária, Himawari-san, veio escoltar-me durante o caminho, sem responder nenhuma de minhas perguntas, mas sem conseguir esconder risadinhas nervosas,  que só aumentavam meu nervosismo.
            Ao adentrar a diretoria, me deparei com uma diretora extasiada, conversando de forma afetada com um homem, que até então estava de costas para mim. Assim que minha presença foi notada, Tatsuto Hideo, prefeito de Opelucid, virou-se para me cumprimentar, fazendo meu chão sumir.
            Não me entendam mal, não sou nenhuma garota cheia de hormônios que fica boba ao ver um homem bonito. Na verdade, sempre tive a mente no lugar. Os únicos romances que afetavam meu raciocínio eram os dos livros que preenchiam minha prateleira em casa. Na vida real, eu era sempre tida como fria. Elogia aqueles que eram belos, mas sem me derreter ou perder o foco.
            Entretanto, não havia jovem ou mulher mais experiente que não perdesse alguns instantes observando o prefeito da cidade. Um homem de 45 anos, mas de ar jovial e cheio de energia. Mantinha seu corpo malhado e firme, com músculos bem distribuídos por todos os seus 1,90 metros de altura. E os cabelos brancos, que preenchiam todo o seu couro cabeludo, só o deixavam mais atraente, bem como as pequenas rugas em torno dos olhos. Sim, os seus olhos, amarelos como duas shiny stones, iguais aquela sobre meu peito, tão brilhantes quanto.
            Tatsu Hideo, ficou viúvo aos 30 anos, e desde então viveu sozinho, dedicando-se à carreira política, exercendo o papel de prefeito com excelência. E ainda, atuava como líder do ginásio pokémon de Opelucid, especializado em Dragon Type. Um oponente difícil de ser derrubado. E naquele dia, aceitei, sem titubear, o estágio como secretária mirim dele. E cada minuto que eu passava perto dele, após as aulas, nutria vigorosamente uma pequena fantasia que virou uma paixão impossível.
            – A que devo o privilégio dessa visita? – Perguntei, enquanto ele beijava minha mão, como um cavalheiro que era.
            – Não exagere! – Disse ele, rindo com prazer – Apenas vim parabenizar a minha melhor estagiária! Seu pai estava me contando que você se candidatou para realizar pesquisa de campo, como treinadora pokémon. Deve supor que isso foi influência minha, após nossas conversas?
            – Bem... – Olhei nervosa para meu pai, que acreditou descobrir que sua desconfianças estavam certas – Digamos que esse foi o empurrão final!
            – Oh sim, claro! – Rimos juntos, eu mais de nervosa do que de qualquer outra coisa.
            – Ah, aceitaria almoçar conosco? – Perguntei, tentando desviar o foco da conversar e adiar o confronto que teria com meu pai.
– Não desejo incomodar! – Recusou educadamente.
            – Não se preocupe, seria um prazer recebe-lo! – Disse meu pai, em uma trégua silenciosa comigo.
            – Sendo assim...
Nos sentamos à mesa e comemos tranquilamente, enquanto riamos e conversávamos, assuntos diversos. Mas graças ao meu pai e meu ex-patrão, o tópico principal das conversas era eu. Mu desenvolvimento, minha postura, minha desenvoltura, meus conhecimentos, e assim por diante. Em um determinado momento, senti vontade de derreter e evaporar, de tanto que meu rosto queimava de vergonha.
Depois de nos deliciarmos com o ensopado que meu pai preparou, tomamos um chá e nos despedimos no momento em que Tatsuto-san recebeu uma ligação do escritório. Com a saída dele, corri para a cozinha, procurando me ocupar com a louça, evitando assim a conversa que meu pai prometera ter mais tarde, toda a vez que nosso olhos se cruzavam.
– Você poderia me explicar melhor os motivos de querer viajar? – Intimou ele, escorado sobr e o marco da porta, olhando-me com uma sobrancelha erguida.
– Eu já expliquei diversas vezes! – Desconversei, muita concentrada nos pratos de vidro vermelho, sujos de molho.
– Eu pensei que você queria conhecer o mundo e ganhar maturidade, Mashiro! – Ditou ele, de forma séria, exigindo atenção.
– Si-sim! E é exatamente esse o motivo! – Sequei minhas mãos no avental que havia pegado, e foquei meus olhos nos dele – Tatsuto-san apenas me ajudou a toma coragem! Eu aprendi muito com ele, mas, o mais importante, é que aprendi que há muito o que aprender! E eu preciso sair daqui para ter acesso a muito mais!
Meu pai suspirava, nervoso, mas eu havia sido sincera, e o seu olhar demonstrava que ele enxergara a verdade em minhas palavras. Eu podia entender a sua preocupação, mas ele tinha de entender minhas necessidades.
– Olhe... eu sei que você está disposto a me dar tudo que eu lhe pedir... – Admiti, tirando o avental e me aproximando para abraça-lo – Mas não seria justo sobrecarrega-lo! Eu preciso aprender a me virar sozinha, paizinho! Eu sou muito grata por tudo que o senhor me deu, mas está na hora de caminhar com os meus próprios pés!
– Você fala como a sua mãe as vezes... – Sussurrou ele, em meu ouvido, com a voz embargada – E o pior de tudo, é que está certa! Tudo bem... não vou mais me intrometer na sua decisão, mas...
– Não se preocupe! Não estou viajando para caçar um namorado ou vários! – Corteio, adivinhando suas palavras – Sabe que sou ajuizada!
– Claro... tanto quanto Jun... – Riu ele, com alguma lembrança sobre minha falecida mãe, a qual, a muito tempo, deixara minhas memórias – Muito bem, trate de escovar o dentes que vou te levar para estação em meia hora!
– Sim, senhor! – Pisquei e corri para o meu quarto, deixando-o sozinho com a louça.

Em meia hora eu iria embarcar no trem com destino à Accumula, onde encontraria minha tia, Junpei Chieko, bióloga pokémon responsável pelos treinadores que realizam a pesquisa de campo. E então, iniciaria a transição de menina para mulher.

8 de abr. de 2016

Capítulo 002 - Resolvendo Pendências!


01 de Março de 2010Kuroto
            O sol se punha, tingindo o céu em tons alaranjados, enquanto as nuvens moviam-se sinuosamente, criando uma atmosfera romântica. Em outras ocasiões, esse seria o cenário perfeito para passar o tempo e curtir a companhia da minha namorada, com muitos amassos, mas agora isso só piorava a minha situação.
            Hikari me acompanhou até uma praça que ficava à duas quadras da sua casa, onde uma árvore de cheri berry soltava pétalas avermelhadas, dando lugar a brotos de frutos. Sentamos no banco de madeira, e quando olhei em seus olhos, minha determinação vacilou brevemente.
            Como havia dito, ela era linda. Seu cabelo era completamente liso, por isso ela optava por deixa-lo solto. O tom acaju de suas madeixas, realçava sua pele clara. Seus olhos, eram azuis como um céu ensolarado e sem nuvens. Seus lábios finos e bochechas rosadas, combinados com os seus 1,70 de altura, tornavam-a uma jovem mulher com ar intimidador e atraente, ao mesmo tempo.
            Se não bastasse todos esses detalhes, ela estava usando blusa regata preta justa, de gola redonda, que realçava o seu busto avantajado, bem como uma calça jeans skinny, que valorizava seu quadril igualmente farto, e sandálias cor de creme, nos pés delicados. Nunca me queixei do seu corpo escultural, pelo contrário, eu aproveitava como podia, mas isso não me impedia de ter muitas dores de cabeça.
Primeiramente pelos olhares famintos dos outros garotos, que resolvia facilmente com alguns socos bem dados. E também... digamos apenas que os meus banhos gelados têm múltiplas finalidades. Enfim, parando para pensar, parecia errado terminar o namoro depois de tudo que passamos.
            Foram 3 anos de alegria compartilhada. Passeios, palavras de afeto, carícias, planos elaborados. Sem falar nas brigas, lágrimas e ciúmes. Mas, ao mesmo tempo, eu sempre soube que esse momento chegaria, eu apenas decidi adiá-lo. Afinal, o que começa mal, tende a terminar mal, certo?!
            – Kuro...? – Hikari me despertou do estupor de pensamentos – O que queria conversar comigo? E por que você nunca arruma esse cabelo?!
            – Hikari, eu... – Ela soltou uma risada, um pouco tensa, e se pôs à arrumar meus cabelos, segurei suas mãos com suavidade – Hikari! Me escute. Acredito que você saiba o que eu vim conversar. Não há mais porque adiar isso!
            – Co-Conversa? Que conversa? – Sua expressão tornou-se visivelmente tensa, enquanto retraía sua mãos sobre o colo – Ah, sim! A sua jornada, não é? Bem, você sabe que eu não aprovo, afinal ficaríamos muito tempo sem nos vermos. E, como já lhe disse diversas vezes, acredito que isso irá atrasar o seu futuro!
            – Eu quero romper nosso namoro! – Durante seu discurso, seus olhos percorriam todo o nosso entorno, exceto a mim, e ao receber a notícia, seus olhos azuis, fitaram-me, agora, avermelhados e arregalados – Sinto muito! Eu não queria ter lhe dito isto assim, mas achei melhor ser direto, antes que eu perdesse a coragem...
            – Ro-Romper... o... namoro? – Seus olhos começaram a umedecer, enquanto sua face tornava-se rosada – Que piada é essa? Isso têm relação com a Okaki-san? Ou é alguma outra garota? Pode começar a se explicar agora mesmo! Seu cafajeste!
            – Hi-Hikari, calma! – Cometi um grave erro. Nunca se deve pedir calma a uma garota quando ela está irritada, isso só piora a situação.
            – Você quer que eu fique calma? – Ela começou a me estapear, onde podia – Como eu posso ficar calma? Este era para ser um dos melhores dias da minha vida! Eu me formei, estou com uma média excelente para ser aprovada na faculdade que eu queria, meu pai me deu permissão para morar com você durante o período acadêmico, desde que você me pedisse em noivado, o que eu estou esperando, faz 1 ano! Eu... eu... eu tomei coragem e decidi ir até a sua casa, para... para lhe pedir que prestasse vestibular comigo... eu... eu planejei passar o restante da minha vida contigo...
            – Hikari... – Conforme sua raiva transbordava, sua voz embargava e lágrimas brotavam dos olhos, encharcando sua face. Até ela perder as forças, e começar a chorar e soluçar, exasperada – Eu não tive intenção de lhe causar tanta dor...
            – HA! Claro que não... – Sua face estava completamente vermelha, enquanto fungava, sua tristeza se convertia em raiva – Por isso decidiu “adiar” essa decisão! Kuroto... eu dediquei a você durante esses 3 anos, porque... porque eu te amo!
            – Eu sei, eu sei! E isso só faz eu me sentir pior! – A culpa não me permitia manter contato visual – Você têm razão, eu sou um cafajeste! E é por isso que eu acredito que é melhor nos separarmos agora, enquanto ainda há tempo...
            – Tempo? O você quer dizer com tempo? – Sua raiva parecia renovada – Você ao menos me amou de verdade? Ou isso sempre foi diversão para você? Ha! Claro, agora eu entendo! Você só queria se divertir comigo, não é?
            – Hikari, não! Eu... – Inicialmente, eu realmente só pretendia curtir sem grandes compromissos, mas não podia admitir isso à ela seria muita canalhice.
            – Não minta pra mim, Seidou Kuroto! – Ela se levantou, ferozmente, encarando-me de cima, com fúria assassina no olhar – Você sempre quis viver uma jornada pokémon, cheia de aventuras, livre de responsabilidades!
            – Hey! Isso não é justo! – Me levantei, invertendo nossas posições, agora eu lhe olhava de cima – Você sempre soube das minhas ambições!
            – E você das minhas! Ou se esqueceu que foi você que me pediu em namoro? – Infelizmente ela estava certa, eu era o maior, não, o único culpado dessa situação – Eu, quase... eu, quase... eu quase rompi com o meu voto de castidade, por você...
            – O que? – Certo, se ela tinha dúvidas da minha safadeza, não teria mais, pois reagi m pouco... agitado demais – Mas eu pensei que...
            – Eu não acredito! Há poucos instantes estava me dispensando, e agora que toquei nesse assunto, você se preocupo com o que eu tenho a dizer? – Realmente, eu fui um canalha naquele momento – Olha, quer saber? Esquece! Quem não quer saber mais de você, sou eu!
            – Hikari, você entendeu tudo errado... – Ela se virou para ir embora, mas eu puxei seu pulso de leve, o que fez com que ela me desse uma bofetada sonora.
            – Me esquece Kuroto! – Novas lágrimas brotaram de seus olhos, enquanto ela pegava sua aliança de ferro polido – E pode ficar com isso! Talvez a sua futura nova namorada da temporada goste!
            – Hikari! – Enquanto eu massageava o lado esquerdo da minha face, ela me laçou a aliança sobre o peito, correndo de volta à sua casa na sequencia, sem olhar para trás.
            – EU TE ODEIO! – Foram suas últimas palavras antes de o brilho do sol se perder no horizonte.
            Me resignei a recolher a aliança do gramado, olhando-a com tristeza e suspirando, sem forças. No caminho de volta à minha casa, liguei para meu melhor amigo, Ayaki  Morio,  um grande nerd, muito divertido e atrapalhado. Durante os últimos 2 anos, ele conseguiu um estágio no laboratório de pesquisas da renomada bióloga pokémon Junpei Chieko, que se mudara para lá pouco tempo antes disso.
            Com a nossa formatura, o estágio chegaria ao fim, mas como ele prestaria vestibular na única faculdade da nossa cidade, que, apesar de estar localizada em zona rural, era a melhor no campo da biologia pokémon, a própria professora, que também era diretora da instituição, convidou-lhe à continuar trabalhando lá, durante o andamento das aulas.
            Tendo meu melhor amigo dentro do laboratório, garanti meu nome na lista de entrega de pokémons à treinadores iniciantes. Acredite, isso não tão fácil quanto você possa pensar. Pessoas com dinheiro, compram pokémons adestrados, o que é algo muito fora do meu orçamento. Outra opção é adotar aqueles que foram abandonados, mas estes dificilmente se interessam em participar de batalhas e demais competições, pois foram abandonados em circunstâncias semelhantes.
            Sendo assim, muitos jovens, aspirantes a treinador, decidem procurar os centros de pesquisa, onde pokémons iniciais são distribuídos, em uma quantidade limitada. Junto dele, cada treinador recebe uma Pokédex, um aparelho de alta tecnologia, que permite o escaneamento completo de todas as espécies de pokémons conhecidas.
            Ao coletar dados de um pokémon, o treinador tem como obrigação repassar os dados para algum dos centros de pesquisa, auxiliando em seus estudos e garantindo a validação de sua licença como treinador. O não cumprimento do acordo, acarreta na revogação de sua licença, e você perde o direito de participar de competições e eventos relacionados a pokémons. Eu sei, muita burocracia e tal, mas, ainda sim, era a melhor alternativa pra mim.
            – Alô? Morio? – Tentei soar tranquilo, procurando esquecer o que havia ocorrido.
            – Kuroto! Oi, o que precisa? – Como sempre, ele parecia muito ocupado com algo, pois conseguia ouvir o som das teclas do seu notebook, que vibraram rápida e constantemente.
            – Bem, cara, não é nada demais. Só queria confirmar o horário em que tenho de comparecer no laboratório amanhã – Nas minha lembranças, eu teria de acordar tão cedo quanto o horário em que ia à escola, o que não me agradava.
            – Ah, sim! Às 8 da manhã! – Como imagine, o que me preocupava, pois sempre me atrasava.
            – Mas que... – Soltei um palavrão de desgosto – Foi mal cara! E o que acontece se eu me atrasar, mesmo?

            – Hum... isso pode ser ruim! Falta de pontualidade deixa a Junpei-Hakase muito nervosa! Ela considera isso uma falta de responsabilidade! – Eu estava ferrado.
            – Maravilha... – Murmurei, irritado – Cara, o que você tanto digita?
            – O que? – O som cessou instantaneamente, enquanto a voz do meu amigo ficava perdida – Você ouviu? Ah, bem! Não é na-nada demais! Hehe...
            – Ok, ok! Valeu cara, se cuida! – Desliguei o celular e consegui soltar uma risada fraca, porém franca.
            Cheguei no portão da pensão e entrei sem cerimônia. Passei pelo corredor, dando um “oi” rápido aos poucos moradores, que nesta hora terminavam de jantar. Akamatsu Jou, um garoto de 16 anos, se instalou aqui no ano passado, para se formar na academia de Nuvema e posteriormente entrar no laboratório de pesquisas da cidade, havia passado para o segundo ano agora, era um cara divertido, porém muito disciplinado. Havia também um casal jovem, os Toriyama, que vinham duas vezes ao ano, desde os meus 13 anos de idade, para visitar os pais da mulher, Naoko, que estava grávida de 4 meses, o que deixou o homem, Makoto, muito feliz.
            Eu vacilei por um momento, ao ver minha mãe. Seus olhos pareceram preocupados, voltados à minha bochecha vermelha e marcada, pelo tapa de Hikari. Esbocei meu melhor sorriso, e desejei boa noite a todos. Decidi que seria melhor me esforçar um pouco mais na encenação, por isso abracei a todos, despedindo-me previamente. Ao abraçar minha mãe, disse que estava tudo bem e que passaria em casa antes de sair da cidade pela manhã.
            Seus olhos pareciam mais tranquilos, apenas um pouco úmidos, mas eu sabia que era pelas saudades que ela já sentia com brevidade. Beijei sua testa e fui para nossa casa, entrando em meu quarto e desabando na cama. Apenas programei o celular para despertar, e por mais incrível que parece, adormeci uma segunda vez, tamanho era a minha exaustão.

02 de Março de 2010
            Meu sono foi pesado e confuso. Tudo parecia em preto e branco. Passei uma segunda vez por todo o meu término com Hikari. Me vi em florestas, rios, rochedos, cavernas. Gritava, batia, chorava. Senti meu corpo ser atingido por explosões, água pressurizada, descargas elétricas, pedregulhos. Vultos do que pareciam serem rostos, passavam por mim, me rodeavam como um tornado. E por fim, uma tempestade de fogo e raios explodiu acima de mim. Então acordei.
            Meu corpo vertia suor, enquanto meu coração batia acelerado. Meus olhos estavam estalados, mirando o forro do quarto, e ao ouvir o som do despertador, sentei na cama, em um único impulso. Peguei meu celular e quase surtei ao ver que eram 8:20, despertei durante a função soneca. Pulei da cama, despindo as roupas de qualquer forma, correndo para o chuveiro.
            Tropecei com a calça no meio das pernas e bati a cabeça na cômoda. Dei um encontrão no marco da porta e chutei o canto do armario do banheiro. Com toda a certeza fiz mais barulho que uma marcha carnavalesca. Praguejei tanto e tão alto, que o filho dos Toriyama provavelmente nasceria falando palavrões. Ao terminar o banho relâmpago, coloquei as primeiras roupas que vi e sai em disparada pela porta.
            Passei correndo pela minha mãe na cozinha, e voltei apenas para lhe beijar a testa. Continuei correndo. A minha sorte era que o laboratório não ficava muito longe da minha casa, apenas 3 quadras. Quase atropelei um bando de crianças que brincavam de pique-esconde, alguns idosos que caminhavam distraidamente pelas ruas, sem falar na quase decapitação que sofri com o fio de uma pandorga.
            Apesar dos pesares, cheguei inteiro no laboratório. Acabei tomando um banho de suor com a corrida desenfreada, mas isso era penas um detalhe. Me apoiei sobre os joelhos, afim de tomar fôlego e fiquei surpreso ao ver que estava com a minha pasta preparada para viajem, mesmo me lembrar ao certo de tê-la pego.
            Com a respiração em ritmo normal outra vez, me empertiguei e caminhei em direção à entrada. Era um edificio todo de blocos de cimento, pintados de branco e chumbo, com muitas janelas distribuídas pelas paredes. Tinha 3 vezes o tamanho do ginásio da academia de Nuvema, ocupando mais da metade da quadra. O laboratório possuía 4 andares, no primeiro e segundo ficavam as salas de pesquisa, no terceiro as salas de aula, e no último ficava a biblioteca.

            Na entrada havia uma escada de 6 degraus, que terminavam em uma porta larga de vidro temperado, com efeito fumê, tornando as imagens de seu interior em borrões indistintos. Ao chegar no último degrau, a porta se abriu revelando duas beldades estonteantes.

6 de abr. de 2016

3 de abr. de 2016

Jornadas nas Redes Sociais!

         Yo, minna! Boa tarde a todos! Estou passando aqui apenas para fazer um breve pronunciamento a respeito da divulgação do blog. Como estamos em uma era de redes sociais, onde todo o tipo de informação se dissemina rapidamente, decidi apostar nessa mesma área.
       Optei por criar uma página simples no facebook. Já aviso de ante-mão que não nunca fiz uma página lá, então vou descobrindo conforme for postando e tal. Tenham paciência comigo! Hehe...
     Ela vai servir para a divulgação das postagens do blog, e divulgação de algumas imagens interessantes que eu encontro na internet. Além disso, acredito que facilitará a comunicação entre mim e vocês, leitores.

A princípio é isso aí, espero que tenham gostado da novidade! Qual quer dúvida, comentário ou crítica, sintam-se a vontade para falar comigo! Basta acessar a página Contato. Segue a baixo o link do facebook. Até próxima! Abraços!

Facebook - {https://www.facebook.com/pokejornadas/?ref=bookmarks&success=1}